segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O ÚLTIMO SUSPIRO


Eu resolvi na serenidade do teu sorriso semear tudo aquilo que não se pode ver, desde então tudo se transformou em futuro. Notei os sintomas quando o mundo se tornou apoucado, quando a alma sentiu-se preenchida, quando os planos foram projetados nos olhares, quando os sorrisos se tornam pinturas eternizadas na mente, quando a mente e o coração não quiseram descansar. A solidão fugiu dos dicionários, das ruas, das casas, dos bares, de mim.  Corpos distantes, porém corações próximos, nem todo carinho é físico.  Eu sei, não precisa me dizer que o amor eterno é grande demais para mundo entender. É amor, e quem ama vive mais, afinal é o amor a principal fonte de energia da alma... Amar, amar, amar e amar, até que o último suspiro seja dado.


VICTOR HUGO GALDINO
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com.br

A DITADURA DA PUBERDADE


VICTOR HUGO GALDINO
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com

Que não ocorram sorrisos coletivos por obrigação, pois o vulcão que entra em erupção no meu intimo não tem nome nem pede licença ao chegar, entretanto é tão devastador quanto o Krakatoa, curioso em sua essência e pleno em sua grandiosidade.   
Meus hormônios teimosos explodem como uma larva que molda uma montanha, que molda o meu corpo, o meu senso e minha percepção. Minha gente tem medo de explosão, minha gente anda cabisbaixa, anda calada. Meu vizinho já não canta e minha tia já não usa os mesmo vestidos coloridos, tudo é cinza. Dentro de mim a liberdade se constitui e dança sobre meus impulsos sexuais aflorados, meu corpo holista é inédito e parece ter vida própria.
Ouço daqui gritos acorrentados, e eu continuo a explodir por dentro. Vocês que criaram o medo, façam-me o favor de descria-lo.
Neste momento minha avó olha tristonha, pela janela, o mundo se tornando preto e branco. Chorando ela observa de longe o sepultamento do excelentíssimo Senhor Sorriso. O sorriso morreu e quase ninguém percebeu, dizem que foi por conta de uma explosão, mas qual delas? Permitam-me falar sobre ele: Sorriso era um cara bacana, aspecto legal, livre, intensivo, não tinha moradia e tampouco residência fixa, vivia beirando e acampando entre uma boca e outra, feito andorinha voando de árvore em árvore. Agora, tão cedo, tão breve e o opaco seu corpo desce ladeira adentro em um caixão sem graça. Mas para onde foram todas aquelas risadas?
As asas do meu sabiá estão curtas enquanto as minhas tentam nascer, o meu pássaro azulão não cantarola e já não se ouve ninguém cantando o Cartola:

“Ouça-me bem, amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó...”

No trabalho ninguém canta, enquanto em mim existe uma imensidão artística tentando ser construída, mas lá fora a arte se cala. Na rua é choque, chibata, coice e grito. Tem choque pau de arara, coice e silencio.
Chora pobre cabocla, chora pobre menino, chora! Chora que suas lágrimas banharão essa terra seca de homens secos e seus prantos poderão ser ouvidos como música em todas as esquinas.  O que devo fazer com minha própria explosão para não ser explodido? 

Por favor, não me venha falar em carnaval desta vez e tampouco sobre futebol! O carnaval deste ano não tem samba, não tem preto sorrindo e nem mulata dançando. Aqui há muito gringo curioso, e ontem até chegou de avião um loiro alto chamado Sr. Repressão, ele é meio fechado, sem graça, não tem samba no pé nem coração.