VICTOR HUGO GALDINO
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Estou
usufruindo de minha própria ousadia pra te escrever novamente. Foram tantas
tardes alaranjadas e degradês que vivi a criança que até então não sou mais.
Ainda posso sentir a água molhando e dançando sobre os meus pés enquanto seguia
o percurso natural do riacho, sinto com a mesma propriedade que percebo minhas
lágrimas molhando esta carta. Ser feliz deveria ser pra sempre, Sofia. Escrevo
dessa vez, pra contar que hoje senti sua falta. Hoje choveu, lembrei que você
gostava da chuva, do cheiro dela, da paz e eu corri sobre o campo gritando seu
nome, tentei procurar seu cheiro entre as gotas d’água que caiam em mim. Às vezes eu esqueço que você não vive
mais e essa estranha ideia me persegue, entretanto mergulho em mim ao lembrar
que eram sorridentes, azuis e vivas as manhãs de domingo. Eu conseguiria compor
a mais bela canção se tivesse a oportunidade de viver aquilo tudo novamente, de
ser vivo novamente e te ter novamente. Agora é tudo escuro, sem ar, sem vida.
Não me adaptei a minha própria existência sutil e solitária. É frustrante essa
mania de achar que você vai voltar, eu não tenho a grandiosa noção que a morte
representa. Não consigo aceitar a compulsiva ideia de que sua ida foi
definitiva. Isso deve ser reflexo da saudade. Na verdade eu estou com saudade
você, Sofia. Continuo a escrever com a esperança de que um dia você
corresponda. A saudade de você está me corroendo por dentro me dando esperanças
incoerentes.
NOVEMBRO DE 2013