A METÁFORA DO SORRISO
Talvez
tenha sido por causa dessa sutileza que existe no canto do teu sorriso que
minha alma resolveu expor-se. O tempo se encarregou de jogar no rosto o que
seria óbvio, porém inseguro. Foi à dúvida que cavalgou bruscamente durante
quilômetros, dias, anos, e cansou, não resistiu à insistência da força de dois
corpos indiretos, conhecidos, desconhecidos e atraídos. Tomou meus braços, meus
abraços e o meu pensar. Notei que era amor quando o meu eu não me
pertencia inteiramente mais. Assuste-se com o que se aproxima, sinta-se na
brisa, molhando, deslizando, acariciando o beijo recíproco. Sinta o cheiro,
permita-se. Corações, corpos correspondidos e afogados em planos sedentos. E
que o futuro venha como a noite, inevitável, admirável e discreta. Dentro
daqueles olhos eu vi a total sinceridade, além do físico, além do abstrato,
além das metáforas, além de tudo que respirei. Não somos dois, somos um.
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